TSE suspende eleição suplementar em Iguatu

O Presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Alexandre Moraes, suspendeu no início da tarde de hoje (27) a realização de novas eleições em Iguatu, conforme havia sido marcada pelo TRE – Tribunal Regional Eleitoral para o dia 05 de Fevereiro de 2023.
 
Por enquanto, o município vai continuar sendo administrado pela presidenta da Câmara Municipal, Eliane Braz. Um novo recurso deve ser julgado para que Ednaldo Lavor e Franklin Bezerra reassumam o posto de prefeito e vice, respectivamente.

Bolsonaro indica Daniel Macedo para o cargo de defensor público-geral federal

O defensor público federal Daniel de Macedo Alves Pereira foi indicado pelo presidente da República, Jair Bolsonaro (PL), para mais um mandato como defensor público-geral federal, autoridade máxima da Defensoria Pública da União (DPU)

Macedo, que ocupa o cargo desde 2021, participou das eleições de formação da lista tríplice para chefia da instituição ao lado dos defensores Igor Roque e Leonardo Cardoso de Magalhães e obteve a maior votação da história da DPU, tanto em total de votos (507) quanto em percentual (75% do total). O resultado foi divulgado no dia 10 de outubro de 2022.

Com a indicação, o nome do defensor será encaminhado ao Senado Federal. O indicado passará por sabatina na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) e, após aprovação, a indicação seguirá para votação no Plenário do Senado.

Depois da sabatina no Senado e nomeação pelo presidente da República, Daniel Macedo cumprirá mandato de dois anos, referente ao período de 2023 a 2024.

SOBRE O INDICADO

Daniel Macedo é defensor público federal há mais de 16 anos com atuação de destaque em ações coletivas na área da Saúde. Foi defensor regional de Direitos Humanos no Rio de Janeiro e, atualmente, ocupa o cargo de defensor público-geral federal.

Operação Omertà completa três anos com quatro acusados presos e dois mortos pela polícia

A Operação Omertà, maior operação de combate ao crime organizado em Mato Grosso do Sul, completará três anos com quatro réus ainda atrás das grades e dois mortos em confronto com a polícia. Nesta sexta-feira (23), o juiz Roberto Ferreira Filho, da 1ª Vara Criminal de Campo Grande, manteve a prisão preventiva do empresário Jamil Name Filho, o Jamilzinho, recolhido no Presídio Federal de Mossoró, no Rio Grande Norte, desde outubro de 2019.

Além dele, o magistrado manteve a prisão do guarda municipal Marcelo Rios, primeiro a ser detido e que acabou levando a Força-Tarefa, chefiada pelo Garras, a chegar aos integrantes de dois supostos grupos de extermínio e desvendar uma série de execuções na Capital e no interior do Estado.

Juiz condena guardas a maiores penas e Jamil Name Filho a menor na 1ª sentença da Omertà
Justiça sequestra casa que escondeu arsenal da Omertà e bastidores de extorsão
“Fomos sucateados de corpo e alma”, diz empresário que perdeu tudo e foi expulso por Name
A Omertà foi deflagrada no dia 27 de setembro de 2019 e levou a prisão do poderosíssimo e influente empresário Jamil Name, que xingou os policiais e juízes e deixou a residência prometendo retornar no dia seguinte. Ele acabou ficando preso até morrer em decorrência da covid-19 em 21 de junho do ano passado.

Outro poderoso empresário foi Fahd Jamil, o padrinho da fronteira, que acabou se entregando após 10 meses foragido. Com gravíssimos problemas de saúde e respirando com ajuda de um cilindro de oxigênio, ele teve a prisão domiciliar substituída por tornozeleira no mês passado.

Conforme despacho do último dia 20, o juiz Roberto Ferreira Filho manteve a prisão preventiva de Jamilzinho, de Rios e do policial civil Vladenilson Daniel Omledo. Ele também manteve a prisão domiciliar de Frederico Maldonado. “Mantenho-as como forma de garantir a ordem pública, por conveniência da instrução processual e para assegurar a aplicação da lei penal, mantendo, também, a prisão domiciliar de Frederico Maldonado Arruda”, concluiu o magistrado.

“Verifico que os corréus Benevides Cândido Pereira, Cinthya Name Belli, Davison Ferreira, Jerson Domingos, Lucas Silva Costa, Lucimar Calixto, Paulo Henrique Malaquias, Rodrigo Betzkowski, Everaldo Monteiro, Marco Monteoliva e Fahd Jamil tiveram suas prisões preventivas substituídas por medidas cautelares diversas da prisão”, observou.

Outros personagens chaves tiveram fim trágico. Acusados de serem pistoleiros do grupo, José Moreira Freires, o Zezinho, condenado pela morte do delegado Paulo Magalhães, e Thyago Machado Abdul Ahad, foram mortos em confrontos com a polícia. O primeiro foi localizado em dezembro de 2020 no Rio Grande do Norte. O segundo morreu em Santa Catarina.

Ex-servidor da Guarda Municipal de Farroupilha relata denúncias na confecção de multas, horas extras inexistentes, ilegalidade da Guarda e sua exoneração

Luís Airon Oliveira Rodrigues busca na justiça sua reintegração ao quadro de servidores de carreira

O servidor exonerado da Guarda Municipal de Farroupilha, Luís Airon Oliveira Rodrigues procurou a Spaço FM para relatar denúncias de horas extras pagas para alguns agentes da Guarda, que segundo ele, não foram trabalhadas. Ele revelou conter provas das denúncias e que na época do fato a administração municipal não tomou providências.

Airon também comentou como eram confeccionadas as multas da trânsito pelos agentes em Farroupilha. Segundo ele, os Autos de Infrações de Trânsito (AITs) eram gerados por informações repassadas via WhatsApp dentro do grupo da Guarda. Ele ressaltou que nunca concordou com essa forma de agir pela ilegalidade da autuação e que o caso acabou sendo comentado inclusive na Câmara de Vereadores.

Outro fato citado pelo ex-agente é que a Guarda Municipal de Farroupilha não está totalmente dentro da lei para desempenhar as funções que a ela são atribuídas. Segundo Airon, nem todos os agentes estão capacitados para atuarem como guardas pelo fato de não cumprirem com o currículo exigido por lei.

Luís Airon Oliveira Rodrigues finalizou comentando sobre sua reprovação no estágio probatório e salientou que foi uma perseguição política, a qual denominou ‘pela força da caneta’. Ele está buscando sua reintegração ao serviço público municipal através da justiça.

Blogueira acusa revista conceituada de fraude, e bate boca na internet

A influencer Nati Vozza e a Revista Forbes trocaram críticas nas redes sociais. Depois da divulgação da lista ‘Under 30’ da publicação – que nomeou os 90 nomes com menos de 30 anos mais influentes do Brasil -, Nati foi questionada por um de seus seguidores o motivo pelo qual ela nunca havia aparecido nas listas da revista.

A influencer respondeu acusando a revista de vender espaço na publicação e não de fato reconhecer os nomes escolhidos por seus méritos.

Nos Stories do perfil oficial da Forbes Brasil, a revista se posicionou contra a influencer, afirmando se tratar de “fake news” e mencionando a credibilidade internacional da lista, feita por diferentes filiais da publicação ao redor do mundo.

“A Forbes repudia e lamenta que pessoas que deveriam usar sua popularidade no Instagram com responsabilidade prefiram dizer uma inverdade, de forma irresponsável, julgando o outro sob a ótica do que seria capaz de fazer. A lista Under 30 é reconhecida internacionalmente, conta com uma curadoria de especialistas e há anos homenageia nomes inspiradores de seus países. Credibilidade se conquista com trabalho e seriedade, não com fake news. Se um dia Nati Vozza se tornar relevante, a Forbes será a primeira a reconhecer o fato. Mas é inegável que ela já começa mal.”

Nati voltou a seu perfil após a resposta da revista, criticando o posicionamento e ironizando o fato de ter sido chamada de “irrelevante”. Ela disse que a Forbes a respondeu de forma “passional” e voltou a insinuar, sem provas, que a revista vende espaços para a lista, seja financeiramente, seja com bons contatos.

“Vejam o nível da resposta de uma revista tão séria como eles dizem. Não entendi a retratação se a pessoa é tão irrelevante (baixo, Forbes, esperava mais de vocês). Gente. Cheguei até aqui sem ajuda de Forbes como sabem e tá tudo bem. Nunca precisei deles, não precisaria agora. Agora uma retratação passional dessas… Por alguém julgada tão irrelevante. Feio, muito feio!
PS: Quem trabalha no meio sabe que não falei mentira alguma. SIM, como disse, existe quem saia lá sem algo do tipo, mas não é a maioria, infelizmente. Mas existe. Porém, assessoria e bons contatos é o que manda”, escreveu

A influencer continuou o assunto com uma série de vídeos, afirmando que não iria retirar o que disse por “não ser mentira”.

“Para eu ser justa, conheço nomes que sairam lá por conta própria: a Fabi Justus, Mica Rocha… Mas não vou voltar atrás no que falei porque eu não estou mentindo e não devo nada à Forbes, literalmente nada. Se em 11 anos de trajetória eu cheguei onde cheguei, não estou dizendo que é muito, mas cheguei e vocês tirem as conclusões de vocês. Cheguei sem ajuda deles. Uma resposta dessas pra mim, tão passional, é algo tão feio para uma revista com tanta credibilidade. Eu não vou voltar atrás e falar que eu estava errada porque não estou e quem trabalha nesse meio sabe exatamente do que eu estou falando. Mas sim, tem pessoas que saem lá por mérito. Algumas”, afirmou.

Mais tarde, Nati apagou os vídeos e gravou novos explicando o motivo de ter deletado os antigos e afirmando que “independente de eu ter minha visão sobre algo, eu não tenho direito de falar tudo que penso”.

“Apaguei os posts antigos porque às vezes a gente fica muito reativa na internet, recebe às vezes uma carga tão grande que é normal ficar reativa. E também é normal a gente não pensar muito bem quem está vendo o que a gente fala e esquecer a importância que a gente tem. Eu sempre friso aqui que eu não acho que a gente possa diminuir o outro. E é difícil pra mim falar isso porque sou muito orgulhosa com meus ideais, não com ações, isos não sou mesmo tanto que estou vindo aqui na maior humildade do mundo. Pensei, pensei… Independente de eu ter minha visão sobre algo eu não tenho direito de falar tudo que penso, nem de alguma forma ferir a imagem de empresa alguma. E, de verdade, pra mim é tão difícil fazer isso, mas eu acho que como sempre friso que sou humana por isso ou isso, também sou de vir aqui falar pra vocês que sim, eu poderia ter ficado sem aquele Stories porque no final eu posso ter ferido muitas pessoas que já saíram lá por conta própria, ferido profissionais que são sérios. Independente de eu pensar o que penso, acho que nem tudo a gente precisa colocar pra fora e preciso começar a fazer esse filtro. Porque eu espondo vocês tão node imediato que eu paro de pensar. Muitas empresas, uma própria revista, às vezes tem tantos profissionais atrás de um arroba e eu estou aqui sozinha, estou lendo, recebendo, falando, respondendo, fazendo publi, então quereno ou não é tudo eu e a gente começa a perder um pouco o filtro do que pode ou não falar”, afirmou ela nos novos registros.

Lava Jato cumpre a 38ª fase e mira operadores ligados ao PMDB

38ª fase teve 16 mandados de busca e dois de prisão expedidos.
Operadores Jorge Luz e o filho dele Bruno Luz estão nos EUA.

Os operadores financeiros Jorge Luz e o filho dele Bruno Luz, ligados ao PMDB, são alvo da 38ª fase da Operação Lava Jato, deflagrada pela Polícia Federal (PF), no Rio de Janeiro, nesta quinta-feira (23). Os mandados expedidos contra eles são de prisão preventiva. A PF informou que os dois estão nos Estados Unidos e já estão na lista de procurados da Interpol, a chamada Difusão Vermelha.

A operação foi batizada de Blackout e também teve 16 mandados de busca e apreensão expedidos. Inicialmente, a PF havia dito que seriam 15 mandados. No entanto, em entrevista coletiva, os delegados anunciaram que foram cumpridas 16 ordens.

Em nota, a assessoria de imprensa do presidente nacional do PMDB, Romero Jucá (PMDB-RR), disse que os envolvidos desta operação não tem relação com o partido e nunca foram autorizados a falar em nome do PMDB.

De acordo com as investigações, os operadores foram identificados como facilitadores na movimentação de recursos indevidos pagos a integrantes das diretorias da Petrobras. A dupla também é suspeita de utilizar contas no exterior para fazer repasse de propinas a agentes públicos, segundo o Ministério Público Federal (MPF).

Pai e filho são investigados pelos crimes de corrupção, fraude em licitações, evasão de divisas, lavagem de dinheiro dentre outros, ainda de acordo com a PF.

Os mandados protocolados pela força-tarefa tiveram como base principal os depoimentos de colaborações premiadas reforçados pela apresentação de informações documentais, além de provas levantadas por intermédio de cooperação jurídica internacional.

 

“Entre os contratos da diretoria Internacional, os alvos são suspeitos de intermediar propinas na compra dos navios-sonda Petrobras 10.000 e Vitória 10.000; na operação do navio sonda Vitoria 10.000 e na venda, pela Petrobras, da Transener para a empresa Eletroengenharia”, disse o MPF.

Para realização dos pagamentos de propina de forma dissimulada, a dupla utilizava contas de empresas offshores na Suiça e nas Bahamas, ainda de acordo com o MPF.

“As prisões foram decretadas para garantia de ordem pública e para assegurar a aplicação da lei penal, tendo em conta a notícia que os investigados se evadiram recentemente para o exterior, possuindo inclusive dupla nacionalidade”, disse o procurador Diogo Castor de Mattos.

Ao autorizar a 38ª fase, segundo o MPF, o juiz federal Sérgio Moro destacou que o caráter serial dos crimes, com intermediação reiterada de pagamento de vantagem indevida a diversos agentes públicos é indicativo de atuação criminal profissional.

Cerveró diz que recebeu propina através de Jorge Luz
Em seu primeiro depoimento na condição de delator da Lava Jato, o ex-diretor da área Internacional da Petrobras Nestor Cerveró afirmou ao juiz Sérgio Moro que o senador Renan Calheiros, do PMDB, recebeu propina de dinheiro desviado da Petrobras através de Jorge Luz.

“O Jorge Luz era um operador dos muitos que atuam na Petrobras. Eu conheci o Jorge Luz, inclusive nós trabalhamos, também faz parte de uma propina que eu recebi, que faz parte da minha colaboração na Argentina. E foi o operador que pagou os US$ 6 milhões, da comissão. Da propina da sonda Petrobras 10.000, foi o Jorge Luz encarregado de pagar ao senador Renan Calheiros…”, disse Cerveró.

Em nota, a assessoria de Renan Calheiros disse que ele nega irregularidade.

“O senador Renan Calheiros (PMDB-AL) reafirma que a chance de se encontrar qualquer irregularidade em suas contas pessoais ou eleitorais é igual a zero. O senador reitera ainda que todas as suas relações com empresas, diretores ou outros investigados não ultrapassaram os limites institucionais. Embora conheça a pessoa mencionada no noticiário, não o vê há 25 anos e que não possui nenhum operador”, diz a nota.

O nome da operação
Conforme a  PF, o nome da operação é uma referência ao sobrenome dos dois operadores.

“A simbologia do nome tem por objetivo demonstrar a interrupção definitiva  da atuação destes investigados como representantes deste poderoso esquema de corrupção”, disse a PF. Os presos serão levados para a Superintendência da Polícia Federal, em Curitiba.

37ª fase
A penúltima fase da operação foi batizada de Calicute prendeu o ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral sob a suspeita de receber milhões em propina para fechar contratos públicos. A operação foi uma ação coordenada entre as forças-tarefa da Lava Jato do Rio e do Paraná. Foram cumpridos vários mandados judiciais expedidos pela 7ª Vara da Justiça Federal do Rio de Janeiro e pela 13ª Vara da Justiça do Paraná.

O ex-governador já teve três pedidos de prisão preventiva cumpridos contra ele e segue no Complexo de Gericinó, em Bangu, na Zona Oeste do Rio de Janeiro, onde estão os outros presos das operações Calicute e Eficiência.

Preso na Operação Omertà, Jamil Name Filho tem pedido de liberdade negado

Jamil e o ex-guarda civil Marcelo Rios são os únicos que permanecem presos entre os investigados pelo Gaeco

A Justiça de Mato Grosso do Sul manteve a prisão preventiva de Jamil Name Filho e do ex-guarda civil metropolitano Marcelo Rios, investigados na Operação Omertà, que tem como um alvo uma grande organização criminosa que atuava em todo o Estado.

A decisão foi dada dentro processo que tramita na 1ª Vara Criminal e os acusa de corrupção passiva. Os dois ainda são acusados em mais quatro processos decorrentes da Omertà.

Entre os investigados, incluindo Fahd Jamil, conhecido como “Rei da Frenteira”, Name e Rios são os únicos que permanecem presos, sendo que os demais estão cumprindo medidas cautelares e Fahd está em prisão domiciliar.

Jamil Name Filho e Marcelo Rios estão presos desde 2019, quando a primeira fase da operação foi deflagrada pelo Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) e Polícia Civil.

Ambos também cumprem prisão preventiva em mais quatro processos decorrentes de investigações da força-tarefa.

Na decisão, o juiz Roberto Ferreira Filho, pontua que a prisão deve ser mantida porque, segundo o Ministério Público, os investigados possuem “função relevante na organização criminosa armada” e, além disso, “apresentam risco de atrapalhar a instrução probatória”.

O magistrado ainda considerou que ainda estão presentes os requisitos que levaram à decretação da prisão preventiva à época dos fatos, como a periculosidade das condutas que os investigados supostamente tinham quando da existência da organização criminosa em investigação.

“Deste modo, e por continuarem presentes os motivos que levaram à decretação das prisões preventivas dos corréus Jamil Name Filho e Marcelo Rios, mantenho-as como forma de garantir a ordem pública, por conveniência da instrução processual e para assegurar a aplicação da lei penal”, ponta a sentença.

 

Dinheiro à milanesa: os novos negócios de Fernando Passos

Fernando Passos, o ex-executivo da IRB Brasil que está sendo processado por fraude nos Estados Unidos, segue ativo no setor financeiro. Depois de deixar a empresa de resseguros, fundou junto com a mulher, Kelvia Carneiro Linhares Fernandes Passos, uma fintech – nome bonito dado aos novos bancos que funcionam apenas de forma digital.

O banco em questão é o Cactvs, que se apresenta como especialista em microcrédito para pessoas jurídicas e até patrocinou um time de futebol. No site oficial, a empresa diz que já tem 100 mil clientes e afirma ter movimentado cerca de R$ 100 milhões. O foco é o mercado do Nordeste.

Apesar de ser uma instituição financeira, o registro original da empresa na Junta Comercial de São Paulo era para atuar no segmento de alimentação. A empresa pretendia trabalhar como uma espécie de marketplace de restaurantes, mercados e outros produtos do setor.

Entre as atividades oferecidas atualmente pelo Cactvs estão seguros de vida, planos de saúde, seguros automotivos e até sorteios de R$ 100 mil semanais, para os quais é preciso pagar apenas R$ 1 para se inscrever.

Em maio de 2021, o Cactvs fechou uma parceria com o Esporte Clube Vitória, um dos mais tradicionais de Salvador, para ajudar o time a erguer um centro de treinamento para jovens atletas. A promessa era investir R$ 6 milhões. O clube chegou a alardear o patrocínio durante um mês. Hoje, não há qualquer menção ao banco no site oficial do Vitória.

No mês de novembro, o Cactvs foi uma das instituições pré-selecionadas pelo Banco do Nordeste (BNB) para operar a linha de microcrédito da instituição pública. O resultado da seleção final ainda não foi divulgado.

A estratégia de crescimento e popularidade também envolve o oferecimento de uma bolsa de estudos, com valores de R$ 1,5 mil a R$ 2,2 mil. Mas, no site, há poucos detalhes sobre o benefício atualmente.

As pendências envolvendo Fernando Passos depois da saída conturbada do IRB Brasil não impediram que ele conseguisse cadastrar e regulamentar a situação do banco junto ao Banco Central e à Susep, a Superintendência de Seguros Privados.

Demissão da IRB Brasil

O executivo foi demitido do IRB Brasil depois de tentar enganar investidores da empresa de resseguros, espalhando falsas notícias de que o fundo Berkshire Hathaway, do bilionário Warren Buffett, teria interesse em comprar ações da empresa brasileira, que passava por dificuldades.

Ao saber da notícia, o fundo divulgou uma nota em que desmentiu o boato criado por Passos. A descoberta do caso fez despencar o preço das ações da IRB Brasil, gerando prejuízo estimado em R$ 30 bilhões. Dois anos depois da fraude, ele foi processado nos Estados Unidos.

No perfil do LinkedIn, Fernando Passos se coloca como diretor do Cactvs. Não há nenhuma menção à passagem dele pelo IRB Brasil.

SEC apresenta denúncia contra ex-diretor financeiro do IRB (IRBR3)

Securities and Exchange Commission (SEC, a comissão de valores mobiliários americana) apresentou denúncia formal contra Fernando Passos, ex-vice-presidente executivo de finanças e relações com investidores da resseguradora brasileira IRB por eventual fraude cometida quando ainda era diretor financeiro da empresa. A notícia foi divulgada nesta segunda-feira (18) no site do órgão.

A entidade acusa o ex-executivo de supostamente plantar uma história falsa entre a mídia e divulgar documentos falsos alegando que a Berkshire Hathaway Inc. tinha feito um investimento substancial no ressegurador.

Na reclamação apresentada hoje, a SEC aponta que “Passos, preocupado com o declínio significativo no preço das ações do IRB após o relatório de um vendedor questionando os resultados financeiros do IRB, fabricou e espalhou uma história em fevereiro de 2020 que a Berkshire Hathaway Inc. teria investido no IRB”.

A denúncia alega ainda que o ex-diretor criou e compartilhou uma lista falsa de acionistas, que mostrava a Berkshire como tendo feito compras substanciais de ações do IRB. De acordo com a entidade, “Passos também teria comunicado a informação falsa a analistas e investidores durante reuniões no Reino Unido e nos EUA”.

Na ocasião, a ação do IRB chegou a subir mais de 6% em 24 horas, após as reportagens feitas pela mídia tanto no Brasil quando no Reino Unido sobre o suposto investimento da companhia de Warren Buffet. Uma semana depois, o papel caiu mais de 40% após a Berkshire negar ter qualquer participação no IRB.

“Conforme alegado na denúncia, Passos se envolveu em um esquema para fraudar investidores e fez um grande esforço para perpetuar seu esquema, incluindo adulterar uma lista de acionistas”, disse Jason J. Burt, diretor associado de execução no escritório regional de Denver, na nota divulgada pelo site da SEC.

“Continuaremos a perseguir maus atores, localizados nos EUA ou no exterior, cuja conduta fraudulenta afete os investidores dos EUA”.

A investigação da SEC, que continua, foi conduzida por Jeffrey Lyons e supervisionada por Ian Karpel e Jason Burt, do Escritório Regional de Denver. O litígio contra Passos está sendo liderado por Zachary Carlyle e Gregory Kasper.

Em ação paralela, o Departamento de Justiça anunciou acusações criminais contra Passos. Uma notícia publicada no portal do Departamento de Justiça dos Estados Unidos, explica que se trata de uma acusação aditiva ao processo da SEC.

O processo do Departamento de Justiça foi aberto hoje no Distrito Sul de Iowa. A peça acusa o ex-executivo do IRB de “sustentar fraudulentamente o preço de suas ações ao divulgar falsas informações”.

De acordo com a nota, “Passos discutiu seus planos de divulgar essas informações materialmente falsas com os funcionários de relações com investidores do IRB”. Conforme o texto do Departamento de Justiça americano, em uma mensagem descrita na acusação, Passos afirmou: “Vou espalhar essa história de que a Berk [Berkshire Hathaway] comprou 28 milhões de ações” e acrescentou: “então se torna verdade”.

A acusação aditiva afirma ainda que Passos falsificou documentos e informações para apoiar as alegações de que a Berkshire Hathaway era acionista do IRB e fez com que essas informações fossem fornecidas a membros da imprensa, vários diretores do IRB e investidores.

Passos é acusado fraude de valores mobiliários e três acusações de fraude eletrônica. Se condenado, pode pegar até 20 anos de prisão em cada acusação. Um juiz do tribunal distrital federal determinará qualquer sentença após considerar as Diretrizes de Sentença dos EUA e outros fatores estatutários.

Passos, Berkshire e o IRB não responderam de imediato a pedido de comentário.

*Por Valor Econômico

Jovem, articulado e ‘herdeiro’ de chefe do PCC: Japa entra na mira da polícia

O duplo homicídio de Anselmo Becheli Santa Fausta e de Antonio Corona Neto, no fim de dezembro de 2021, na zona leste de São Paulo, trouxe à tona a nova dinâmica do crime organizado paulista. A partir dos dois assassinatos, a polícia de São Paulo confirmou apurações em andamento sobre a chefia em liberdade do PCC (Primeiro Comando da Capital) e descobriu novas informações que podem ser relevantes para investigações futuras e outras que estão em andamento.

A Polícia Civil e o MP (Ministério Público) sabiam da importância de Becheli, mas nunca tiveram seu paradeiro descoberto até a morte dele. Sem ser batizado pela facção paulista, ele era um megatraficante com foco na venda de cocaína para fora do país. Respeitado pelo crime organizado de São Paulo, ele mantinha negócios com o PCC. Neto, este sim integrante do PCC, era motorista de Becheli. Para tentar esclarecer a motivação das mortes, porém, é necessário entender como as peças de xadrez da facção estão se movimentando.

 

A primeira suspeita do DHPP (Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa) era que Becheli e Neto tinham sido mortos a mando de um corretor de imóveis e de um empresário de criptomoedas porque Becheli havia entregado ao corretor 100 milhões de dólares para que o dinheiro fosse investido em bitcoins. No entanto, o traficante pediu o dinheiro de volta. A hipótese era que, sem o valor em mãos, o corretor e o empresário mandaram matá-lo. O corretor está preso preventivamente. O empresário, representado por um dos melhores — e mais caros — advogados do país, foi liberado.

Quem apertou o gatilho contra Becheli e Neto, em 27 de dezembro do ano passado, quando os dois criminosos saíam do apartamento onde o traficante vivia, no Jardim Anália Franco, na zona leste de São Paulo, foi assassinado dias depois. Como recado da organização criminosa, a cabeça do atirador foi deixada em uma praça, próximo de onde havia ocorrido o duplo homicídio. O PCC iniciou uma caçada aos atiradores. Mas, assim, abriu brechas para quem investiga a organização criminosa.

Ao ser preso pela polícia, em 8 de fevereiro deste ano, o corretor de imóveis negou que tenha mandado matar Becheli — e, consequentemente, Neto. Mas afirmou que foi submetido a um tribunal do crime, em janeiro, no Tatuapé. O corretor foi chamado por um criminoso identificado como Cigarreiro — que seria o atual chefe do PCC na favela da Caixa D’Água, na zona leste — para “conversar” em uma casa no Tatuapé. Ao chegar ao local marcado, o corretor afirmou à polícia que ficou sequestrado durante 9 horas. Nesse período, disse ter sido constantemente ameaçado de morte.

O que a facção paulista não acreditava era que o corretor tivesse identificado à polícia os criminosos que estavam no tribunal. Entre eles, segundo o corretor, estavam: Cláudio Marcos de Almeida, conhecido como Django, o agente de jogadores de futebol Danilo Lima de Oliveira, chamado de Tripa, e Rafael Maeda Pires, o Japa. Django foi assassinado em janeiro deste ano e teve o corpo deixado debaixo do viaduto Vila Matilde, na zona leste. Tripa está foragido. E Japa, segundo investigadores, acendeu alertas de suas atividades criminosas para a segurança pública paulista.

Japa era morador da região do Parque São Jorge, também na zona leste da capital, e ascendeu aos poucos dentro da facção criminosa paulista. Até 2018, ele era apontado como o braço direito de Wagner Ferreira da Silva, o Cabelo Duro, morto no início daquele ano pelo PCC como queima de arquivo. Antes de ser assassinado, coube a Cabelo Duro o plano da facção paulista de matar Rogério Jeremias de Simone, o Gegê do Mangue, e Fabiano Alves de Souza, o Paca, que estariam desviando dinheiro do tráfico internacional a partir do porto de Santos (SP).

Em 2016, Japa conheceu Cabelo Duro quando arrendou uma casa noturna localizada na zona leste de São Paulo. Japa se tornou gerente do estabelecimento e se aproximou muito de Cabelo Duro. A proximidade foi tanta que as famílias dos dois passaram a viajar juntas com frequência, com destinos como Ilha Bela (SP), Angra dos Reis (RJ) e cidades do exterior.

Cabelo Duro era dono de uma produtora musical, que tinha contrato com artistas de funk e de pagode. Quem gerenciava o esquema da lavagem de dinheiro na casa noturna e em outros esquemas de São Paulo e Baixada Santista, segundo investigadores, era o Japa — à época, chamado de Rafa.

Além disso, Japa também era responsável por coordenar os pilotos contratados por Cabelo Duro para voos de lazer com os helicópteros, o que durou até a morte dele, em 2018. Paralelo a isso, um policial, que é o principal suspeito de ter atirado em Cabelo Duro, afirmou à Polícia Civil, em depoimento, que seu verdadeiro patrão era uma pessoa chamada Rafael. E com o apelido “Japa”.
O suspeito de ter matado Cabelo Duro afirmou que esse “Japa” era um traficante de drogas vinculado à Baixada Santista. À época do depoimento, a polícia documentou ter entendido que o policial entregou seu patrão após ter se sentido abandonado. Um outro policial militar testemunhou à polícia que costumava ver o PM suspeito de ter atirado em Cabelo Duro prestando serviços de motorista e de escolta a Japa.

Suspeita-se que Japa tenha sido submetido a um tribunal do crime em 2018, pelo fato de ser muito ligado a Cabelo Duro, mas conseguiu ser liberado. Com o tempo, ele ganhou respeito, notoriedade e subiu degraus dentro da facção paulista. Depois da morte de Cabelo Duro, chamou a atenção de investigadores a proximidade entre Japa e Becheli, o megatraficante assassinado em dezembro de 2021. A polícia suspeita que ele se manteve realizando o mesmo tipo de atividade, mudando apenas o patrão. De acordo com a Polícia Civil, ele realizava “serviços financeiros” a Becheli até o fim do ano passado.

Foragido e jovem, com apenas 29 anos, Japa também é piloto de automobilismo e já competiu em pequenos campeonatos. Hoje, é tido como herdeiro de Cabelo Duro. A polícia tenta entender, agora, o que ele herdará de Becheli e quais serão suas próximas movimentações no tabuleiro do crime organizado de São Paulo. A reportagem não conseguiu localizar a defesa de Rafael Maeda Pires.