Quebra de sigilo de empresa de Vargas aponta repasse de R$ 200 mil da JBS

Ex-deputado federal foi preso na última fase da Operação Lava Jato

quebra de sigilo fiscal da Limiar, controlada pelo ex-deputado federal do PT André Vargas, cassado em 2014 e preso na última sexta-feira (10/04) na 11ª fase da Operação Lava Jato, indicou que a JBS, a Friboi, maior processadora de carne bovina do mundo, fez um repasse de pelo menos R$ 200 mil à empresa. Na decisão que ordenou a prisão preventiva do ex-parlamentar, o juiz federal Sérgio Moro, que conduz as ações penais da Lava Jato, afirmou que é necessário aprofundar as investigações, ‘não sendo possível afirmar por ora que (os pagamentos) eram destituídos de causa lícita’.

A Receita Federal registrou o repasse de R$ 200 mil em documento do ano retenção 2010. Na decisão, o juiz apontou que o quadro social da empresa Limiar é composto por André Vargas e pelo irmão Leon Vargas entre 2009 e 2012. A empresa teve um empregado registrado entre 2011 e 2012. Leon Vargas foi preso temporariamente na sexta-feira.

Nas eleições de 2014, a JBS repassou R$ 352 milhões a candidatos à Presidência, senadores e deputados. Desse montante, R$ 73 milhões foram destinados à campanha da petista Dilma Rousseff. A campanha do senador Aécio Neves, candidato do PSDB ao Palácio do Planalto, recebeu doações de R$ 48 milhões da JBS.

“Outras empresas que efetuaram pagamentos para as empresas “Limiar” e “LSI” (em função de emissões de notas fiscais destas), supostamente tomadoras de serviços, deixaram de esclarecer à fiscalização que tipos de serviços foram prestados, seja pela “Limiar”, seja pela “LSI”, nem ao menos apresentaram contratos”, anotou o juiz da Lava Jato.

Youssef pagou R$ 2,3 mi a Vargas, diz Polícia Federal

A polícia chegou à conclusão após investigar notas fiscais, registros de depósitos e trocas de e-mails

Curitiba e São Paulo – A Polícia Federal tem provas de que a lavanderia de dinheiro do doleiro Alberto Youssef – peça central da Operação Lava Jato – foi usada pelo ex-deputado federal do PT André Vargas (sem partido-PR), entre 2013 e 2014, para o recebimento de R$ 2,3 milhões em dinheiro vivo.

São notas fiscais, registros de depósitos e trocas de e-mails envolvendo a contadora do doleiro, Meire Poza, e a IT7 Soluções, empresa que tem contratos milionários com órgãos públicos, em especial a Caixa Econômica Federal, o Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro), vinculado ao Ministério da Fazenda, e outros órgãos de governo.

Só da Caixa foram mais de R$ 50 milhões recebidos em 2013. Com escritório no Paraná, a IT7 é administrada por Marcelo Simões, mas controlada pelo ex-deputado e por seu irmão Leon Vargas, segundo sustentam investigadores da Lava Jato.

A IT7 declarou receita de R$ 125 milhões entre 2012 e 2013. A Receita Federal aponta “expressiva movimentação comercial e bancária” ao analisar as fontes pagadoras da empresa e destaca que é possível observar que entre os principais clientes estão “entes públicos, empresas públicas e estatais federais e estaduais”.

Vargas e seu irmão Leon foram dois dos sete presos na última sexta-feira, alvos da nova etapa da Lava Jato, batizada de “A Origem”, 11.ª fase da investigação que mira em contratos de publicidade de órgãos públicos, inclusive na Petrobras – estatal em que um núcleo de empreiteiras teriam formado cartel para assumir o controle de contratos bilionários entre 2003 e 2014.

Além de Vargas, outros dois ex-deputados federais, Luiz Argôlo (SD-BA) e Pedro Corrêa (PP-PE), foram presos na sexta-feira. Os ex-parlamentares são investigados por suspeita de corrupção e lavagem de dinheiro.

Segundo revelaram Youssef e sua contadora em depoimentos à Polícia Federal, o irmão de Vargas pediu no fim de 2013 que fosse disponibilizado, em dinheiro, o valor de R$ 2,3 milhões.

Os pagamentos foram feitos pela IT7 para duas empresas (Arbor Contábil e AJJP Serviços Educacionais) da contadora do doleiro. Para isso, foram emitidas duas notas nos valores de R$ 964 mil e R$ 1,4 milhão, ambas no dia 27 de dezembro de 2013.

As notas foram emitidas por serviços que nunca foram prestados, segundo os investigadores da Operação “A Origem”.

Por ordem do doleiro, Meire recebeu e sacou os valores para serem disponibilizados em dinheiro vivo para Vargas entre janeiro e fevereiro de 2014. Na época, ele era vice-presidente da Câmara e secretário de Comunicação do PT.

Foram anexados ao pedido de prisão de Vargas e Leon as trocas de e-mails em que os dois representantes da IT7, Leon e Simões, pedem a emissão das duas notas fiscais para a contadora.

“Há prova de que Youssef providenciou, em dezembro de 2013, o repasse de R$ 2,3 milhões em espécie a André Vargas, numerário este proveniente de empresa que mantém vários contratos com entidades públicas”, registrou o juiz federal Sérgio Moro, que conduz os processos da Lava Jato, ao determinar a prisão preventiva de Vargas.

“O que foi feito mediante emissão de notas fiscais fraudulentas por serviços que não foram prestados.”

Defesa

Os advogados de André Vargas e Leon Vargas negam irregularidades. A defesa do ex-deputado e Leon deve entrar hoje com pedido de soltura dos investigados. Nenhum representante da IT7 e de Marcelo Simões foi encontrado.

Transferência

O ex-deputado Pedro Corrêa foi levado, no início da tarde ontem, de Canhotinho – no agreste pernambucano, onde estava preso -, para o Recife.

Ele deve ser transferido hoje para Curitiba. Filho do ex-deputado, o advogado Fábio Corrêa disse que seu pai não tem intenção de fazer delação premiada.

Na sexta, o advogado Clóvis Corrêa Filho, primo do ex-deputado, disse que iria aconselhá-lo a fazer a contribuição premiada. (Colaboraram Daniel Carvalho e Monica Bernardes)

Justiça bloqueia R$ 40 milhões de Pedro Corrêa e Luiz Argôlo

Ambos ex-deputados eram alvos da Operação A Origem, 11ª etapa da Lava Jato

Pedro Corrêa

Pedro Corrêa

A Justiça Federal decretou o bloqueio de R$ 40 milhões dos ex-deputados Pedro Corrêa (PP/PE) e Luiz Argôlo (SD/BA), alvos da Operação A Origem, 11.ª etapa da Lava Jato, deflagrada nesta sexta feira (10). Também foi ordenado o bloqueio de mais R$ 80 milhões de outros quatro investigados, sendo R$ 20 milhões da secretária de Argôlo, Elia Santos da Hora.

Os dois ex-parlamentares e o ex-deputado André Vargas (sem partido) foram presos nesta sexta. As investigações desta etapa abrangem crimes que vão além da Petrobras e envolvem até contratos de publicidade da Caixa Econômica Federal e do Ministério da Saúde.

Pedro Corrêa usou nora e funcionário rural para receber propina, diz PF
Juiz da Lava Jato pede autorização ao STF para efetivar prisão de ex-deputado
José Dirceu e empreiteira negam irregularidades em contratos

A decisão do juiz Sérgio Moro, que conduz todas as ações da Lava Jato, já foi comunicada ao Banco Central que promove o rastreamento em todas as instituições financeiras para identificar ativos de suspeitos. À medida em que identifica ativos nas contas dos alvos o Banco Central embarga os valores automaticamente.

O bloqueio pega, ainda, um ex-assessor de Pedro Corrêa, Ivan Vernon Gomes Torres Junior (R$ 20 milhões), o caseiro de uma propriedade rural do ex-deputado, Jonas Aurélio de Lima Leite (R$ 20 milhões), e Marcia Danzi Russo Correa de Oliveira (R$ 20 milhões), nora de Pedro Corrêa.

Além do bloqueio, a Justiça Federal decretou a quebra do sigilo bancário e fiscal da agência de publicidade Borghi Lowe e de seis produtoras sob suspeita de envolvimento no esquema de propinas para o ex-deputado petista André Vargas. A pesquisa alcança período de seis anos, de janeiro de 2009 a março de 2015.

Escutas revelam negociações de esquema de corrupção contra Receita

 

Conselheiros e ex-conselheiros manipulavam julgamentos de empresas multadas. Investigadores negociam delação premiada de integrantes.

Novas escutas revelam as negociações de conselheiros e ex-conselheiros para manipular julgamentos de empresas multadas pela Receita Federal. Os investigadores negociam, agora, a delação premiada de dois integrantes do esquema de corrupção. Um conselheiro e um ex-conselheiro já manifestaram a intenção de colaborar com a Justiça em troca de redução de pena.

Novas escutas revelam negociações para suspender um julgamento no Carf, o Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, que é a última instância administrativa para recorrer de cobranças da Receita Federal.

Investigadores negociam duas delações premiadas na Operação Zelotes. O conselheiro Paulo Roberto Cortez e o ex-conselheiro Jorge Victor Rodrigues já manifestaram a intenção de colaborar em troca de uma possível redução de pena, se forem condenados. O acordo ainda não foi assinado porque as partes estão discutindo os termos da delação.

Segundo as investigações, mediante pagamento de propina, conselheiros e ex-conselheiros vendiam decisões favoráveis a empresas no Carf – o Conselho Administrativo de Recursos Fiscais do Ministério da Fazenda. São recursos de empresas multadas pela Receita. O prejuízo é de mais de R$ 5 bilhões, e pode chegar a R$ 19 bilhões.

Novas escutas revelam essas negociações. Em julho do ano passado, o conselheiro Paulo Roberto Cortez fez acusações contra um dos principais investigados na Operação Zelotes: José Ricardo da Silva, ex-conselheiro.

Paulo Roberto Cortez: O cara fez tudo que foi falcatrua lá no Carf. Vendia decisões e tudo. Eu estou pensando em fazer uma denúncia formal, formal contra ele.
Mulher não identificada: Se você fizer isso agora ele vai alegar, vai alegar outras coisas contra você.

Em outro diálogo gravado com autorização da Justiça, foi flagrada a negociação para suspender um julgamento no Carf. A conversa é entre o ex-presidente do conselho, Edison Pereira Rodrigues, e o advogado Tharyk Jaccoud Paixão.

Edison: Uma vista?
Tharyk: É.
Edison: Olha, é muito em cima. Eu posso dar uma tentada, viu?
Tharyk: É, eu sei, mas aí me fala o que precisar, tá?
Edison: Tá. Tá bom.

Edison tentava vender um pedido de vista, segundo a polícia. No mesmo dia, ele mandou um e-mail para a filha, Meigan Sack Rodrigues, atual conselheira. “Precisamos de uma vista desse processo, podemos pedir R$ 20 mil por este trabalho”.

De acordo com as investigações, o pagamento só não foi concretizado porque, segundo o advogado Tharyk Jaccoud Paixão, uma das pessoas que bancaria o custo não pôde ser encontrada.

O Ministério Público Federal criou uma força-tarefa com quatro procuradores para as investigações da Operação Zelotes. Na Polícia Federal, são quatro delegados. E a Corregedoria da Receita Federal também tem um grupo de trabalho para analisar os processos em que pode ter havido manipulação de resultados.

Outra investigação já está em andamento no Ministério da Fazenda. Após a análise dos documentos, a Corregedoria-Geral vai instaurar os processos disciplinares contra servidores e conselheiros envolvidos.

Operação Zelotes: veja os nomes dos envolvidos no escândalo

Operação teve mandados de prisão transformados em busca e apreensão pela Justiça; Correio teve acesso ao documento original.

O mandado de prisão temporária dos envolvidos na Operação Zelotes pedidos originalmente pela Polícia Federal (PF) e a Procuradoria da República, transformou-se em mandados de busca e apreensão. O Correio Braziliense teve acesso ao documento original com todos os nomes dos conselheiros do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF), além de advogados e consultores envolvidos no escândalo. O esquema de corrupção no órgãos pode fazer com que a o da Petrobras pareça pequeno, segundo artigo publicado na revista britânica The Economist desta semana. Se as fraudes forem comprovadas, as sonegações fiscais podem atingir R$ 19 bilhões, quase o dobro do que apura a Operação Lava-Jato.

A relação da Polícia Federal:

José Ricardo da Silva, que é denominado no pedido da PF e da Procuradoria como ;um dos principais responsáveis pelo esquema de corrupção que envolve alguns de seus sócios e conselheiros do CARF, segundo a Justiça

Jorge Victor Rodrigues (conselheiro do CARF e sócio da Consultoria Empresarial

Lutero Fernandes do Nascimento

Eduardo Cerqueira Leite

Jeferson Ribeiro Salazar

Meigan Sack Rodrigues (conselheira do CARF)

Wagner Pires de Oliveira (Procurador da Fazenda Nacional)

Escritórios de advocacia:

Jorge Victor Rodrigues

Leonardo Siade Manzan ( também ex-conselheiro do CARF)

Jefferson Ribeiro Salazar

Wagner Pires de Oliveira

João Inácio Puga

Edizon Pereira Rodrigues

Tharyk Jaccoud Paixão

José Ricardo da Silva

João Batista Guginski

Adriana Oliveira e Ribeiro

Eivany Antonio da Silva

Eivanice Canário da Silva

Essas pessoas estão relacionadas ;sobre fatos criminosos em apuração;segundo o mandado.

O presidente do CARF, Carlos Barreto, procurado pela reportagem, disse que não estava autorizado a falar e a pauta seria atendida pela Secretaria da Receita Federal (SRF). Ontem, no começo da noite, a secretaria saiu em defesa dos funcionários do CARF ao divulgar nota onde afirma que ;não há indício nos autos que apontem o envolvimento de servidores nas irregularidades; descobertas na Operação Zelotes.